Acrilic On Canvas - Legiao Urbana



saudade entaŁo.



E mais uma vez

De voca fiz o desenho pais perfeito que se fez:

Os trasos copiei do que naŁo aconteceu.

As cores que escolhi, entre as tintas que inventei

Misturei com a promessa que nałs dois nunca fizemos

De um dia sermos tras.

Trabalhei voca em luz e sombra.



Era sempre:

-- NaŁo foi por mal. Eu juro que nunca

Quis deixar voca taŁo triste.

Sempre as mesmas desculpas

E desculpas nem sempre saŁo sinceras --

Quase nunca saŁo.



Preparei a minha tela com pedasos de lenałis

Que naŁo chegamos a sujar.

A armaaŁo fiz com madeira

Da janela do seu quarto.

Do portaŁo da sua casa

Fiz paleta e cavalete

E com as laˇgrimas que naŁo brincaram com voca

Destilei ałleo de linhaa

E da sua cama arranquei pedasos

Que talhei em estiletes

De tamanhos diferentes

E fiz entaŁo

Pincais com seus cabelos.

Fiz carvaŁo do batom que roubei de voca

E com ele marquei dois pontos de fuga

E rabisquei meu horizonte.



Era sempre:

-- NaŁo foi por mal. Eu juro que naŁo foi por mal.

Eu naŁo queria machucar voca: prometo que isso nunca vai

Acontecer mais uma vez.

E era sempre, sempre o mesmo novamente --

A mesma traiaŁo.



a€s vezes a difa­cil esquecer:

-- Sinto muito, ela naŁo mora mais aqui.



Mas entaŁo porque eu finjo que acredito no que invento?

Nada disso aconteceu assim -- naŁo foi desse jeito.

Ninguam sofreu: a sał voca que provoca essa saudade vazia

Tentando pintar essas flores com o nome

De "amor-perfeito" e "naŁo-te-esqueas-de-mim



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